"E vagueio por estas vidas como mensageiro sem dono, com relatos do que vejo do que sou e do que sonho.
palavra que repetes em cada estrofe fiel, ao que eu sinto, tudo o que vives tudo o que eu vivo num papel"

quarta-feira, dezembro 22

é agora?

A vida é como um livro de pintar, variados números com variados espaços, no meio estas tu, recém nascida, pequenina e envergonhada sem saberes muito bem onde estas, és o pincel. ao longo do teu caminho, vai ter muitos buracos pela tua frente, muitos mais daqueles que tu possas estar a pensar, a tua volta tens pessoas que esperam que tu nunca falhes, sejas perfeita em tudo o que fazes, como se, tivesses que pintar direito em espaços mais pequenos que o tamanho do pincel, então tu tentas, mas és puxada para um mundo á parte onde te querem fazer maior do que já és, depende de ti, estares sóbria e ciente da tua personalidade, mas és engolida por gigantes que são mínimos a vista de qualquer pessoa, mas que aos teus olhos são gigantes de trinta metros, aos quais tu queres agradar de todas as maneiras possíveis, la esta, é como se tentasses colorir o teu livro mais rápido do que devias, então tentas ser mulher sem passares pelas varias etapas que precisas para la chegares, e no fim, achas-te feliz, tão demasiado feliz por teres agradado quem querias que começas a dar passos maiores que os teus pés, tentas pintar com vermelho aquilo que devia ser verde, o sol de preto e a relva de azul, cometes erros que na altura te parecem fáceis e sem problemas, das por ti a correr por um caminho que não traçaste e no qual não conheces a tua meta, com os passos gigantes que das, perdes aquilo que os teus pequeninos pés conseguiram no inicio, começas a olhar a volta e a ver vazio, mesmo estando no meio da multidão, das por ti a tentar ouvir a verdade quando tu própria és uma mentira, e finalmente, vês-te ao espelho, procuras no teu reflexo memorias do que eras e só vês pedaços de um desconhecido que sem te aperceberes crias-te, é nessa altura que olhas para o relógio e te apercebes que ele não para, ja é tarde e nada do que tu vês faz sentido, é como se observasses o teu desenho e tudo estivesse trocado, tanto o certo do errado como as linhas dos círculos, a mascara que criaste para ti própria, caí. Aí apercebes-te que dentro dela, estava uma pessoa muito mais bonita daquela que o espelho reflectia anteriormente, cais no chão e choras sobre o leite derramado, desta vez, choras  a sério, não são as lágrimas de crocodilo que deitavas enquanto pedias mais uma oportunidade, choras noite e dias seguidos, lamentas as saudades, reflectes as promessas e aprendes com as lições, percebes perante a confusão que criaste, que não é a vida que te da as tintas para pintares, és tu as que fazes, coloridas e com esperança, bonitas e com futuro, escuras ou sóbrias, sem objectivos ou sonhos, então puxas o cabelo para tras, lavas a cara e vestes as roupas que te fazem sentir confortável, apercebes-te que não há caminho de volta, então pegas no pincel, e em passos de tamanho correcto, vais agora pintar de branco um caminho que antes riscaste sem sentido, devagarinho e sem pressas, vais desenhar em carvão um novo desenho, desta vez, com conta e medida, não vais subir mais do que deves e não vais querer ser mais alta daquilo que deves ser, aos poucos vais ter apoios, vão ser mais mãos a agarrar o teu pincel e a pintar contigo de novo, todos os quadradinhos com as centenas de números mal pintados, e indo contra o impossível de começar de novo, vais aos poucos olhar-te ao teu espelho, e ver o teu reflexo a voltar, o teu verdadeiro reflexo, devagar vais criar a tua própria meta e um dia, olhas para trás, e orgulhaste de ti própria, por enquanto, segura-te a ti mesma e aos que ainda mesmo sendo poucos, acreditam em ti, luta contra ao desejo de voltares a mascara, e dorme sem pesos nos ombros, faz do próximo ano, o teu ano, e com esta lição de vida, ergue-te e vai a luta, aprendes-te que, a vida tem obstáculos que são apenas criados por ti, mas de novo, cabe-te a ti e só a ti, ser ou não derrubada por eles. corre um risco, agarra esta chance, e faz uma mudança, não por alguém, mas por ti, e volta a fazer de um livro para pintar, um livro colorido.

8 comentários:

  1. Escreves muito bem Rute, tens uma filosofia demasiado madura para a idade que aparentas ter é bom ver que na juventude ja se veem as coisas com estes olhos, muita força. Um grande beijinho

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  2. se feliz ruth tu mereces! ;)

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  3. Há momentos em que por muito que queiramos apagar o caminho percorrido percebemos que tal é impossível, o pincel já pintou o passado a tinta, incorrigível. Só resta agora aprender, em vez de riscares as linhas antes pintadas aproveitares-as, olhares para elas com atenção e perceber os erros e as virtudes, perceber que a vida não é em nada como nós queremos mas podendo ser sim mais feliz, com mais vida.
    Aos poucos apercebes-te que nada foi em vão, e que esta tenha sido talvez a tua maior aprendizagem.
    Segue e levanta a cabeça, chora mas limpa as lágrimas, olha ao espelho sem medo, porque hoje, tu estás a tentar ser a verdadeira ruth.

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  4. fazes-m chorar . qnd escreves toca-m mesmo no fundo d coração. continua

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  5. está lindoo princesa, eu sei que vais conseguir corrigir tudo o que já erraste e sei que estás arrependida do que fizeste. um dia, vais ser tu outra vez, e todos te irão felicitar pela mudança, e juntar-se a ti de novo. don't worry, ly

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