"E vagueio por estas vidas como mensageiro sem dono, com relatos do que vejo do que sou e do que sonho.
palavra que repetes em cada estrofe fiel, ao que eu sinto, tudo o que vives tudo o que eu vivo num papel"

segunda-feira, janeiro 24

"(...) ela tentou dar-lhe o melhor que tinha, tentou mostrar-lhe que ha mais na vida para alem do caminho que ele tinha escolhido, ela infelizmente, conheçia ja a meta onde ele um dia iria chegar, conheçia todos os perigos que o caminho escolhido por ele, lhe trazia, e sabia exactamente qual era o seu fim. Tentou então a todo o custo desvia-lo da tentação, mostrar-lhe um pouco do mundo que ha muito ele ja não via, e muitas vezes foi tentada a ir com ele, a dar-lhe a mão e a seguir-lhe os passos, mas ela era forte, foi ensinada pela vida que a tentação nunca tem um final feliz, então com toda a força que tinha, não se agarrou apenas a mão dele, pegou-lhe nos braços, e puxou-o, tentou que por  meros segundos, ele olha-se para tras, e percebe-se que existiam mais opções. A escolha dele, foi rápida e directa, seguiu em frente naquele beco escuro, sem sequer se importar com a força que ela fazia, sem se aperceber que ela apenas o tentava salvar. Ela ao longe, viu-o continuar, e ficou parada, podia simplesmente virar costas e seguir a vida dela, sabia que o que sentia por ele, não era amor, era carinho, era necessidade de o fazer ver que valia mais do que pensava, num impulso, correu para o beco onde ele se encontrava a caminhar, foi como se tivesse saltado para o fundo do poço, atirou-se com a esperança de que o conseguia trazer de volta, correu com tudo o que tinha, e la no fundo, vi-o estendido no chão, sentou-se ao lado dele, e limpou-lhe a cara, deu-lhe um beijo na testa, tirou-lhe a garrafa da mão, e os cigarros dos bolsos, tentou acorda-lo, mas assim que ele abriu os olhos, e ambos se fixaram por meio minuto, ela percebeu, que ja não era ele que estava dentro daquele corpo, e numa versão de segundos, ele estava em cima dela, enquanto ela gritava desesperadamente, ele apoderou-se daquela que deixou a propria vida, para o salvar, ela chorava de olhos fechados, tinha desistido de gritar, e chorava apenas, tentava não pensar na dor, e mesmo sabendo que ali estava um monstro, ela tentava perceber o porque de tamanha atitude, tentava no fundo, compreende-lo, e ele via nela apenas um pedaço de carne, que usou e ao acabar, deixo-o ali, desfeito, completamente inutilizavel, e sem sequer olhar duas vezes, voltou-se, e foi-se embora, ela ficou ali, devagar vestiu-se e encostou-se ao canto mais proximo, chorou durante horas, parou por opcção, podia ter ficado ali meses, que as lagrimas iam continuar a cair, mas parou, limpou os olhos, recompos-se, e devagar tentou voltar atras, encontra-se agora no meio daquele que é o principio de um beco onde viveu a pior experiencia da vida dela, e no fim daquele que era o caminho de onde talvez ela nunca deveria ter saido, soube mais tarde que ele criou vida naquele beco, desfez a imagem que ela tinha perante a sociedade, e viveu disso, consegue agora ser feliz, enquanto ela se encontra ali, fechada numa casa algures ali no meio da qual raramente sai, com medo de voltar a escola, de voltar a uma sociedade, de voltar a confiar, não é que ela não queira, todos os dias se levanta cedo, todos os dias ela estuda, e todos os dias ela tenta voltar a ser a rapariga mediana que era antes, tenta a todo o escuto fingir a familia que tem uma vida normal, enquanto eles pensam o pior, " talvez ande nas drogas, talvez tenha seguido um caminho que não o que imaginamos para a menina que criámos", ela sabe o que eles pensam, e ouve as coisas mais horriveis sairem da boca de cada um, sem qualquer apoio, aparenta estar optima, mas esta desfeita, aparenta ter a coragem para seguir, mas a verdade, é que continua ali no meio, sozinha rodeada de medos, estuda todos os dias para o dia em que alguem a leve de novo a escola, muda de visual para o dia em que se voltar a sentir atraente, e atras do computador mostra-se bem e mais radical do que nunca, para puder sentir que ainda tem alguma esperança de vida, na realidade, ela so esta a espera que alguem a compreenda o suficiente, para lhe dar a mão, enquanto isso, ela fica ali, aparentemente bem, a janela, a ver de longe, o sorriso dele, depois de ter destruido a vida dela, ele esta feliz, e no fundo, foi por isso que ela sempre lutou (...)"


(the end, veridico) Ruth Pereira

8 comentários:

  1. Esta muito bom ruth! Devias pensar em fazer disto uma profissão tens muito jeito! Parabens

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  2. Muitos parabens ta muito muito muito poderoso!

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  3. Dedica-te sem duvida a isto Rute, escreves muito bem =)

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  4. duas palavra: magnífico e arrepiante. um conselho: tenta fazer frases mais curtas e não metas tantas vírgulas, opta por outros sinais de pontuação! (ñ leves a mal princesa, mas é para a tua escrita ficar perfeita mesmo):) amo-te

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